Sistema API (American Petroleum Institute) de classificação de serviço e desempenho de óleos para motor.
Até meados da década de 40, o único sistema de classificação de óleos para motor era o SAE que se baseava apenas viscosidade. Na década seguinte, as indústrias automobilística e petrolífera reconheceram a necessidade de um sistema que fosse possível classificar e descrever os óleos para motor. Foi aí que em 1947, o API introduziu o sistema que classificava os óleos para motores em três grupos, independentemente do tipo de combustível utilizado. Estes grupos eram:
Porém, poucos anos depois, em 1952, em face de problemas ocorridos em veículos movidos a diesel devido a presença do alto teor de enxofre neste tipo de combustível, o API fez uma revisão e passou a identificar o óleo para motor pelo tipo de serviço e pelo tipo de combustível.
Por se tratar de um sistema dinâmico e que na sua evolução, a ASTM (American Society for Test and Material) e a SAE (Society Automotive Engineer) juntaram-se ao API para estabelecer um sistema que permite definir e selecionar os óleos para motor com base em suas características de desempenho e no tipo de serviço a que se destinam.
Por ser um sistema dinâmico que permite acrescentar novas categorias à medida que mudam os projetos dos motores e/ou surgem novos requisitos da indústria aos óleos lubrificantes, em 1970 houve uma grande revisão no sistema de classificação onde o API, ASTM e SAE estabeleceram o sistema alfanumérico que utilizamos nos dias de hoje. Definiram a letra "S" para identificar a categoria do óleo para serviço de uso pessoal em motores de automóveis a gasolina ou álcool ou gás natural veicular. Por coincidência, pode também representar "Spark Ignition" (ignição por centelha), que é a forma da combustão nos motores do ciclo Otto. A segunda letra é atribuída alfabeticamente na ordem de desenvolvimento.
Para motores diesel, foi definida a letra "C. Segundo o API, "C" é uma categoria para uso comercial. Por coincidência, a letra "C" representa "Compression Ignition" (ignição por compressão), que é a forma de ignição dos motores diesel. A segunda letra também é atribuída alfabeticamente na ordem de desenvolvimento.
Em 1990, a CMA (Chemical Manufacturers Association - Associação dos Fabricantes de Aditivos), criou um Grupo Aditivos de Petróleo para enfocar a melhoria da qualidade de combustíveis e lubrificantes para motores automotivos mediante o uso de aditivos. Por sua vez, aqueles Grupo criou o PAPTG (Grupo Tarefa de Protocolos para Aprovação de Produtos) para defender procedimentos coerentes e reprodutíveis de ensaios em motores, metodologia padrão para desenvolvimento de ensaios e produtos acabados com garantia da qualidade. Os primeiros esforços do PAPTG visaram o desenvolvimento de um protocolo de ensaios em motores que resultou na implantação do Código de Práticas da CMA para aprovação de produtos de petróleo aditivados em 30 de março de 1992.
O CMA tornou-se o ponto de partida do Sistema de Licenciamento e Certificação de Óleos para Motor do API (EOLCS) desenvolvido pelo API. O EOLCS do API é um programa voluntário de licenciamento, onde utiliza o Símbolo de Serviço do API, comumente chamado de "API donnut". Os óleos a partir da categoria de desempenho API SH, passaram a ser testados de acordo com o Código de Práticas da CMA, obedecer às diretrizes do API sobe intercambiabilidade dos óleos básicos e sobre as guias do "Read Across" para os ensaios em motor dos graus de viscosidade SAE. Graças a esses requisitos adicionais, os óleos de motor passaram a oferecer um desempenho comprovadamente superior as categorias anteriores nas áreas de controle de depósitos, estabilidade a oxidação, proteção ao desgaste, ferrugem e corrosão.
Além disso, passou a existir uma marca de certificação para o licenciamento do API para óleos de motor que cumpram as normas de desempenho mínimo da ILSAC (Comissão Internacional de Padronização e Aprovação de Lubrificantes). Todas as aprovações de ensaios em motores devem ser feitas de acordo com o código de práticas da CMA para obter as licenças para a categoria API ou para o novo símbolo da ILSAC.
A partir de 1º de julho de 1993, os fabricantes de óleos lubrificantes puderam usar a designação de categoria de desempenho do API e/ou o símbolo da ILSAC, contanto que todos os requisitos do novo sistema de licenciamento e certificação de óleos para motor do API fossem cumpridos. Para nós consumidores, isso foi muito importante, pois aqueles óleos que trazem o API donnut e/ou o símbolo da ILSAC, têm garantida a sua qualidade e o seu nível de desempenho.
Histórico da evolução das categorias de desempenho para motores de veículos leves (automóveis).
A nova categoria de desempenho API SP/ISALC GF-6 entra em vigor a partir de 1º de maio de 2020.
Histórico da evolução das categorias de desempenho para motores de veículos a diesel (caminhões, ônibus e equipamentos de construção, mineração e agrícola).
Cabe destacar que o sistema API não tem efeito algum sobre, nem ligação com o sistema SAE. No entanto, ambos são necessários para definir adequadamente as características do óleo automotivo, na medida que se referem a seleção, por parte do consumidor, do produto adequado para atender às necessidades para proteção e bom funcionamento do motor.
2. Sistema API de classificação de serviço e desempenho de óleos para diferencial e transmissão manual.
Da mesma forma que são classificados os óleos para motores, os óleos para diferencial e transmissão manual possuem sua classificação API. No quadro a seguir, podemos ver as categorias de desempenho API GL em vigor e as obsoletas com suas respectivas descrições de aplicação. Sendo que as categorias, hoje mais utilizadas no mercado são a API GL-4, GL-5 e MT-1 (produtos termoestáveis).
Com os veículos cada vez mais aerodinâmicos e equipados com motores mais potentes, a exigência sobre o conjunto transmissão-diferencial está cada vez maior. Operando em regimes muito mais severos, com as temperaturas chegando a atingir 150̊oC, os lubrificantes tradicionais que cumprem o nível de desempenho API GL-5 tendem a se degradar nestas condições produzindo borras e depósitos que podem comprometer o funcionamento ideal destes equipamentos.
Foi pensando neste cenário que a indústria de óleos para engrenagens automotivas introduziu a especificação SAE J 2360 (excluindo-se as desenvolvidas por cada montadora). Idêntica em severidade, à especificação MIL PRF 2105E, foi criada de forma a facilitar o acesso de fabricantes de óleos, de qualquer parte do mundo, ao processo formal de aprovação, o que era restrito aos países membros da OTAN enquanto vigorou aquela especificação militar.
O gráfico a seguir visa ilustrar as diferenças entre as diversas categorias de desempenho dos óleos de engrenagem automotiva API GL-5 e API MT-1, quanto aos testes exigidos para cada uma:
A especificação SAE J 2360, tem seu processo de aprovação conduzido pelo PRI - Performance Review Institute.
Abaixo, tabela com a descrição da aplicação de cada categoria de desempenho para óleos de engrenagens automotivas do API.
3. Sistema MIL de classificação de óleos lubrificantes
Sistema que reúne classificações militares dos USA, designadas pela sigla MIL (Military), seguida de uma letra, que no caso de lubrificantes é a letra "L" e uma numeração que indica o tipo de serviço a que os lubrificantes será submetido. Algumas vezes, ainda uma letra que identifica o número de revisões pelas quais já passaram.
Bem, amigos, paramos por aqui hoje e já contamos com o seu acesso ao nosso site para o próximo Correio Técnico, onde continuaremos com tema sobre sistemas de classificação dos óleos lubrificantes e abordaremos o sistema de classificação de serviço e desempenho ACEA para óleos para motores.
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